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domingo, 3 de junho de 2012


Dialógos Intersemióticos e Intertextuais – Cinema e Literatura




Fábio Jota 


       A produção cinematográfica desde o seu surgimento, demonstra uma relação com a literatura, marcada por adaptações e releituras que permitem as obras literárias, um outro olhar por meio da representação filmíca. As adaptações constituem uma grande parte do cinema contemporâneo, sendo vistas em filmes que tentam preservar a estrutura original do livro e em outros tipos de adaptações que recriam o conteúdo da obra literária em experiências artísticas que formam novos sentidos e representações do texto adaptado.
         As obras literárias já foram revisitadas por vários cineastas que materializaram os textos na tela, sem necessariamente serem fiéis ao original. A realização desses diretores destacam uma aproximação de pontos em comum entre o cinema e a literatura, mesmo apesar das diferenças estruturais de cada uma das linguagens.
      Escritores como Homero, James Joyce, Virginia Wolf, Machado de Assis , Guimarães Rosa e vários outros tiveram seus textos adaptados para as telas, sendo eles o impulso criativo para vários diretores que foram buscar na linguagem literária possibilidades narrativas e personagens que colaborassem para composição de suas obras filmícas.
As adaptações literárias devem ser entendidas de modo mais abrangente, longe de uma simples transposição de signos de uma linguagem para outra, pois a adaptação é considerada um fenômeno tradutório que uma linguagem pode fazer de outra, como é a experiência existente entre o cinema e literatura.
          Na produção cinematográfica contemporânea é pertinente o uso de fontes literários para adaptações filmícas, tendo como base o parâmetro da fidelidade neste tipo de relação entre cinema e literatura, porém é preciso lembrar que um filme incorpora e modifica vários intertextos no seu interior sem obrigatoriamente se moldar pelos aspectos de uma adaptação que vise conservar elementos originais de um livro. De acordo com DINIZ ( 2005, p.38), “um filme pode conter/ citar/apropriar-se de um ou mais textos, sem contudo constituir-se como sua adaptação”, pois a idéia de uma adaptação fiel dentro dos estudos fIlmÍcos e as abordagens que visam compreender a interação entre linguagens vêm sendo desvalorizada no que diz respeito a esse tipo de relação entre as linguagens.
        A tradução de características da linguagem verbal para uma linguagem não – verbal ou vice – versa, revela um tipo de adaptação que envolve dois sistemas semióticos em uma operação chamada de tradução intersemiótica, um tipo de adaptação que em sua prática recupera características de outras linguagens por meio de alusões, citações ou paródias para criar uma relação de interface, configurando os signos da linguagem traduzida de acordo com as qualidades e normas do suporte ou linguagem que opera a tradução intersemiótica. Embora a formação de um novo sentido não surja somente da relação entre as estruturas das duas linguagens, mas também do contexto que a obra resultante está inserida.
       Diante essa visão que possibilita uma compreensão da interação entre as linguagens e percebe na prática tradutória, uma interligação do cinema e literatura mediante a tradução intersemiótica, o objeto dessa análise faz referência a esse tipo de abordagem do filme para com a literatura ao investigar a relação intersemiótica do filme Ulisses’s Gaze (UM OLHAR A CADA DIA, 1995, 175min) de Theo Angelopoulos e a Odisséia de Homero.
O filme Ulisses`s Gaze faz alusão ao herói grego da Odisséia por meio de referências diretas e indiretas que perpassam a narrativa cinematográfica. A utilização de elementos do poema homérico compõe a narrativa criada por Angelopoulos a partir da conversão de signos e representações próprias da literatura em categorias da estrutura sígnica do cinema para construção de uma forma – conteúdo que assume uma outra significação e materialidade dentro do filme.
          Esse diálogo intertextual com a obra de homero acontece paralelo a outras citações que ressoam nas falas dos personagens, fazendo do filme uma obra composta por intertextos literários que exteriorizam a densidade e sentimentos dos personagens. A presença dos intertextos e imagens de outros autores recuperados num processo diálogógico que mobiliza essas referências para o interior da obra filmíca, assumem uma significação diferente do contexto original que a obra literária foi produzida, pois no filme, a tradução intersemiótica cria por meio das condições receptivas e produtivas da linguagem cinematográfica junto as características do quadro social e politico do século XX, uma resignificação das estruturas aludidas da obra homérica e dos demais autores citados ao ajusta – los ao contexto de produção da obra e os aspectos culturais que operam como interpretante .
        A análise desse filme demonstra o caráter inacabado da obra de arte e como ela constitui seu discurso fundado a partir da relação com outras linguagens. Esse tipo de composição estética revela uma obra hibrida que não se baseia apenas em um discurso e nas especificidades de uma única linguagem. A obra desse cineasta grego confirma esse aspecto híbrido que é tão característico da arte contemporânea.
             Considerado um grande leitor e apreciador da literatura, Angelopoulos refletiu em suas obras, referências aos grandes autores da literatura grega como aos grandes clássicos da literatura. Autores da poesia e da prosa vão dar o refinamento das vozes de seus personagens ao extrair segundo BORDWELL (2009, p.187 ) “diálogos da poesia de Homero, Eliot e George Seferis” reanimando temas do passado no presente reconfigurador do século XX. Esse artifício do diretor em seus filmes, demonstra que o passado é usado não somente para ser pura nostalgia, mas como voz contrastante ao cenário estético e político do presente. A ligação com o passado revela a profundidade das raízes de seus filmes que de acordo com BORDWELL ( 2009) além retratar a história da Grécia, vão estar ligados à mitologia e à literatura grega e de seus vizinhos, os Bálcãs . Os vários flashes do passado em Ulisses`s Gaze ressaltam como o diretor organiza sua narrativa ao usar fatos e referências artísticas do passado mais para criticar o presente formando deste modo uma antítese.
             Na ação de A., protagonista do filme, há de modo implcíto uma semelhança com Ulisses, por causa da viagem que ele faz em seu desconhecido percurso. O personagem busca em sua viagem na narrativa cinematográfica, uma imagem da região onde viveu oposta ao presente, sem a destruição e violência da guerra que colocou as várias etnias em processo de desterritorização na Grécia e nos Bàlcãs no mundo contemporâneo. As atitudes do personagem correspondem ao mesmo desejo de Ulisses na Odisséia que desejou voltar para casa e sua origem após a batalha da Guerra de Tróia para retomar sua patria.
              O herói da Odisséia simboliza a valentia e a astúcia que são descritos nos cantos do poema épico, uma estrutura poética ritmada e melódica. Ulisses apresenta o desdobramento de sua arete para adquirir virtudes que o façam resistir e transcender as imposições dos deuses que interverem em seu regresso para Ítaca. No filme há uma alusão ao herói grego percebida em A., mas necessariamente não há as mesmas virtudes que caracterizam Ulisses. Segundo SOARES ( 2006) A. é um Ulisses contemporâneo fracassado e perdido que não consegue fixar seu olhar sobre a película perdida para restituir sua identidade. O personagem no filme é apresentado em longos planos sequências que quase não tem cortes, de um modo melancôlico em meio as paisagens nubladas e desoladas nas regiões dos Bàlcãs. Diferentemente do homem grego que representa as decisões da Polis, a voz coletiva, A. se lança em uma viagem que ele mesmo afirma ser “Uma viagem pessoal” que refletirá um movimento para fora em busca de um sentido para os Bálcãs e para si próprio na imersão interior que ele mergulha para resolver seu conflito existencial.
              Da mesma forma que outros autores e diretores do século XX como são os casos de James Joyce e Jean Luc Godard que também fizeram referência ao intertexto da Odisséia, Angelopulos em sua leitura particular da obra homérica, não apresenta ligação ou referência as forças extra – terrenas e nem mesmo as utopias políticas que contagiaram sua geração durante os anos 70 quando começou a produzir seus filmes. Ulisses’s Gaze se filia a obra O desprezo ( 1963) de Jean Luc Godard ao expressar o que STAM ( 2008) identifica como ausência de lugar das divindidades para dar espaço ao Ethos moderno. Em vez da referência aos deuses, o diretor grego em Ulisses’s Gaze preserva algumas características de sua filmografia e do contexto do século XX, pois segundo BORDWELL ( 2009) os filmes de Angelopoulos mostram as agonias da civilização moderna, os regimes totalitários, a miséria de emigrantes apátridas e o desencantamento com o pensamento de esquerda.
Algumas referências intertextuais permeiam o interior de Ulisses`s Gaze , com ocorrências em diferentes níveis para a formação do sentido da obra fílmica. Angelopulos elenca nessa obra, a recuperação de elementos da herança cultural da Grécia que passa pela literatura, o cinema e a filosofia, entrecruzando tempos e estéticas para a composição das sequências do filme.                 O recurso usado pelo cineasta reflete as aspirações literárias dos seus filmes que provocam efeitos densos e melancólicos ao expressar o desencatamento dos seus personagens diante um mundo dominado pela barbárie causada pelo homem contemporâneo e a ausência divina. Segundo Soares (2006) no filme Ulisses’s Gaze há varias camadas que podem ser desfolhadas como a epigrafe de Platão, fragmentos de Romeu e Julieta de William Shakespeare, os versos de T.S. Elitot e Rainer Maria Rilke e até mesmo a voz do próprio diretor no filme. Na cena final, o personagem A. em sua fala cria uma paráfrase de uma das passagens da Odisséia que não é identicada de qual canto pertence, mas têm a marca do nome do poeta grego. A. depois de um trágico incidente diz sozinho na filmoteca em Sarajevo :

Quando eu voltar, será nas vestes de um outro homem. Com o nome de um outro homem. Minha vinda será inesperada. Se você olhar para mim incrédula e dizer: “você não é ele”. Eu lhe darei indícios e você acreditará em mim. Eu lhe falarei sobre o limoeiro em seu jardim, a janela que deixa entrar o luar e, então, sinais do corpo, sinais de amor.
E, enquanto subimos, trêmulos, ao velho quarto, entre um abraço e outro, entre juras de amor, eu lhe falarei sobre a viagem a noite toda e todas as noites seguintes entre um abraço e outro, entre palavras de amor, toda a aventura humana, a história que nunca termina.

Para PLAZA ( 1987), a passagem de uma linguagem para outra é processada a partir dos meios que o artista possui para a operação tradutora. A passagem do texto de homero que no original era organizado em cantos delitimitados ritmicamente demonstra como a operação tradutora implica na produção de um novo signo que se adapta ao que PLAZA ( 1987) chama de leis normativas do novo suporte
A operação da tradução de um sistema signico para outro expressa como é constituído o filme, mas ainda revela como esse tipo de relação entre os sistemas semióticos que ocorrem a partir das traduções intersemióticas geram o que DINIZ ( 1999) chama de consistências proporcionais nesse processo que envolve o cinema e a literatura. A idéia de consistências proporcinais induz ao mesmo sentido de equivalência entre os sistemas de signos no processo de tradução intersemiótica. Segundo DINIZ ( 1999) a equivalência é referente a função que os elementos de um determinado sistema semiótica de uma linguagem pode exercer no processo tradutório, criando uma semelhança ou equivalência com o sistema semiótico da linguagem do hipotexto traduzido. No filme, a relação de equivalência é identificada pelo uso das falas e diálogos para incorporar os intertextos da Odisséia. Os signos do cinema, tais como os dialogos dos personagens são usados para a apropriação dos intertextos homéricos e equivalem aos do poema épico, acentuando a oralidade referente ao estilo desse tipo de texto.
As várias vozes dentro do filme representam algo análogo ao romance, pois numa obra literária há uma série de vozes que expressam os diferentes discursos sobre determinado assunto . Essa tendência muito comum aos romances, emprega de acordo com STAM ( 2008) vozes distintas que consistem na presença de discursos independentes orquestrados pelo autor. A técnica é produzida pelo que BAKHTIN apud STAM ( 2008) chama de Polifonia, recurso muito usado nos romances do escritor russo Dostoievsky para manifestar a presença de opiniões e pontos de vista do autor , sendo observado no filme Ulisse`s Gaze que apresenta enunciados convertidos nos diálogos e falas dos personagens retirados dos intertextos literários junto as imagens documentais dos irmãos Manakis que simbolizam a simplicidade do povo grego e momentos do começo do século XX da região dos Bàlcãs durante a primeira guerra mundial. O efeito polifônico do filme induz ao sentido da arte contemporânea que segundo STAM( 2008) é baseada não mais na necessidade do novo, mas numa estética de colagem combinatório de formas e gêneros anteriores reunindo uma pluralidade de perspectivas que embaçam as fronteiras entre o fictício e o real.
              As alusões a Odisséia identificadas no filme de Angelopoulos de modo direto como acontece nos intertextos citados por A. em suas falas e nas cenas que fazem referência direta aos cantos do poema homérico, tais quais o momento que o protagonista encontra sua mãe falecida no trem como Ulisses em sua passagem pelo Hades, a cena do filme que faz referência a situação que o herói grego passou com o Ciclope e as alusões a viagem de Ulisses são todas resignificadas no filme através do signos cinematográficos e o contexto de produção que constitui o aspecto cultural da obra. Os signos do cinema usados para tradução intersemiótica criam de acordo com Plaza ( 1987) um signo equivalente ou mais desenvolvido que se tornam o significado ou interpretante do primeiro signo, no caso dos signos literários dos intertextos aludidos da Odisséia. Outras alusões feitas de modo indireto pelo filme a partir dos signos do cinema correspondem a algumas estruturas do poema homérico como pode ser visto mediante o uso da narrativa não – linear e o monólogo interior gerado pelo narrador em voz on e off na narrativa filmíca. Além de demonstrar um diálogo intertextual por meio da forma, esses signos do cinema apontam pontos semelhantes entre as estruturas da obra filmíca e literária numa relação de equivalência que compõe junto a leitura particular feita na tradução, os traços estilísticos de Angelopoulos.
               A partir das constatações presentes no filme, temos por meio das estruturas identificadas e caracateristicas do personagem principal uma proximidade com o herói da Odisséia e uma resignificação das qualidades e ações do guerreiro projetadas em A., cuja a influência do contexto de produção da obra opera como interpretante na tradução intersemiótica junto ao que PLAZA ( 1987) vê como as qualidades materiais do signo tradutor que influem e semantizam as relações de recepção através das formas produtivas e receptivas inscritas na materialidade do signo.
               O dialogo intertextual identificado no filme resultou na criação de um hipertexto segundo as categorais intertextuais de Gerard Genette na alusão ao poema homérico, mas não mantém em relação a ele, algum tipo de fidelidade ou preservação da representação composta pela obra original. Apesar de manter algumas equivalências com a representação do herói grego traduzidas pelas qualidades e especifidades da linguagem cinematográfica.
               O intertexto da obra homérica soma junto as outras referências no interior do filme, qualidades estéticas e discursivas que marcam o processo de reciclagem da arte contemporânea que de acordo com PLAZA ( 1987) não é pautada mais pela idéia do novo, mas por uma complexa inter- relação entre as linguagens. Embora o filme apresente uma relação com a tradição literária e cinematográfico, a obra demonstra o papel do diretor enquanto operante de uma tradução criativa e crítica em relação ao uso de outras linguagens em sua realização artística com impressões mais densas e subjetivas.

Bibliografia

BORDWELL, David. Figuras traçadas na Luz: A encenação no cinema. São Paulo: Editora Papirus, 2009.
DINIZ, T. F. N. Literatura e Cinema: da semiótica à tradução cultural. Ouro Preto:
Editora Ufop, 1999
HOMERO. Odisséia. 3° Edição. São Paulo: Editora Cultrix, 2004.
PLAZA, J. Tradução IntersemióticaSão Paulo: Perspectiva, 1987.
SOARES, Leonardo Francisco. Leitura da outra Europa – Guerras e Memórias na literatura e no cinema da Europa Centro Oriental. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2006.
STAM, Robert. A literatura através do cinema: Realismo, magia e a arte da adaptação. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.
ANGELOPOULOS, Theo. UM OLHAR A CADA DIA . São Paulo: Mundial Filmes, 1995. 1 Fita de vídeo (175min), VHS, son, color, legendado. Tradução de: To Vlemma tou Odyssea.




terça-feira, 20 de março de 2012



Visões Urbanas 2012 - Festival Internacional de Paisagens Urbanas

A dança irá ocupar novamente os espaços públicos e a paisagem urbana de São Paulo. Encontro entre artistas de várias partes do mundo com a cidade e seus habitantes, o Visões Urbanas nos convida a olhar lugares já conhecidos que, recebendo a dança , ganham novos contornos. A cidade que não para, revela a arte em meio ao caos urbano e o vento que sopra de lugares distantes, pode sussurrar histórias em nossos ouvidos. A dança vai revelando cores onde antes só havia o cinza, cria caminhos lentos onde antes havia pressa e quem sabe, voltemos até a acreditar que ainda temos tempo.


Artistas da Turquia, Itália, Espanha, Uruguai e Brasil, apresentam uma programação diversificada com espetáculos, oficinas, mostra de videodança, palestras e exposições fotográficas.




Em sua 7ª edição, o Visões Urbanas se estenderá à cidade de São Bernardo do Campo, ampliando seu alcance e difundindo a idéia da dança em paisagens urbanas tão pouco estimulada e desenvolvida no Brasil.

Texto do site do Festival

O eventos além de apresentações e intervenções em espaços urbanos, terá ainda a apresentação de exibições de vídeo, oficinas, exposições e encontros  com criadores das artes do corpo.


Mais informações e a programação no site do festival.


http://www.visoesurbanas.com.br/?cat=6

Visões Urbanas 2012 - Festival Internacional de Paisagens Urbanas

A dança irá ocupar novamente os espaços públicos e a paisagem urbana de São Paulo. Encontro entre artistas de várias partes do mundo com a cidade e seus habitantes, o Visões Urbanas nos convida a olhar lugares já conhecidos que, recebendo a dança , ganham novos contornos. A cidade que não para, revela a arte em meio ao caos urbano e o vento que sopra de lugares distantes, pode sussurrar histórias em nossos ouvidos. A dança vai revelando cores onde antes só havia o cinza, cria caminhos lentos onde antes havia pressa e quem sabe, voltemos até a acreditar que ainda temos tempo.

Artistas da Turquia, Itália, Espanha, Uruguai e Brasil, apresentam uma programação diversificada com espetáculos, oficinas, mostra de videodança, palestras e exposições fotográficas.
Em sua 7ª edição, o Visões Urbanas se estenderá à cidade de São Bernardo do Campo, ampliando seu alcance e difundindo a idéia da dança em paisagens urbanas tão pouco estimulada e desenvolvida no Brasil.

O eventos terá além de apresentações e intervenções em espaços urbanos, apresenta ainda exibições de vídeo, oficinas, exposições  e encontros para com criadores das artes do corpo. 

Mais informações e a programação no site do festival. 

http://www.visoesurbanas.com.br/?cat=6 

quarta-feira, 14 de março de 2012




A RELAÇÃO INTERTEXTUAL E INTERSEMIÓTICA ENTRE O FILME ULISSES'S GAZE E A ODISSÉIA 


FÁBIO FERREIRA DA SILVA 








quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Núcleo Interdisciplinar de Artes no Centro Cultural São Paulo

            A criação de espaços que incluem a experimentação entre as artes está criando fôlego e cada vez mais  nos revela que esse contorno da arte da Arte Contemporânea, ou seja a relação de fronteira  das linguagens artísticas no processo de criação, está se assentando na maioria das Instituições que promovem a difusão e produção cultural. 
     O Centro Cultural São Paulo início uma programação  que procura valorizar a experimentação em artes integradas com a exibição de vídeos que estão disponíveis no espaço em locais diversos para maior interação do público. Essa programação  apresenta a exibição de vídeos em TV de Plasma entitulada de  "Paradas em Movimento" que  exibe a mostra "Passado Imperfeito", uma seleção de vídeos de alguns dos mais notáveis artistas contemporâneos do Equador: Juan Carlos León, Illich Castillo, Manuela Ribadeneira, Graciela Guerrero, Karina Skvirsky Aguilera, Miguel Alvear e Estefanía Peñafiel. O critério da compilação joga com a concepção filosófica do "eterno retorno", aquela repetição infinita de situações, acontecimentos, pensamentos, sentimentos e ideias. Esse ângulo de aproximação permite enfatizar o contraste permanente entre o passado e o presente que se concentra nos trabalhos, tanto de maneira literal como em metáforas evocativas que nos remetem à ressonância atual de um conjunto de experiências socioculturais que se passam no país. 

     
  Essa iniciativa é resultado das parcerias entre curadores e  artistas de diferentes linguagens para estimular a realização de projetos interdisciplinares. A idéia que é  experimentada no CCSP desde 2009 pretende reunir os coletivos de artes que tenham interesse em pesquisar esse tipo de produção e já tenham formação e realização voltados para esse lado da arte contemporânea. A importância dessa iniciativa promove não somente o dialogo interdisciplinar das linguagens, mas também o intercâmbio entre grupos e coletivos do Brasil e de outras  partes do globo. 
           A arte contemporânea parece não estar preocupada com  a permanência e preservação de uma forma única ou uma natureza artística imutável, então dessa maneira abre espaço para novas  poeticidades através da integração de formas e conceitos dentro da arte. 
Para complementar  a entrevista da curadora "Ana Maria Rebouças" e o link da programação do evento . 

Entrevista com Ana Maria Rebouças

"Quanto mais buscarmos integrar todos os processos expressivos, mais ricos podemos nos tornar em cultura e criatividade"

Entrevista e edição: Juliene Codognotto, Marcia Dutra e Vinícius Máximo

Ana Maria Rebouças é curadora do Núcleo Interdisciplinar do Centro Cultural São Paulo. Nesta entrevista, ela fala sobre a interdisciplinaridade e os projetos de pesquisa de linguagens artísticas desenvolvidos no CCSP.

Quando foi criada a curadoria interdisciplinar e a partir de quais necessidades do Centro Cultural São Paulo?

A ideia da curadoria interdisciplinar veio a partir do Fernando Oliva, que era diretor de curadoria na época, e do Martin Grossmann, então diretor do CCSP, que estavam querendo estimular projetos interdisciplinares. Eu tinha pensado num projeto que envolvesse pesquisa de linguagem em diferentes áreas artísticas no Espaço Cênico Ademar Guerra, utilizado muitas vezes para experimentação de grupos. Comecei a pensar no Zona de Risco, que seria um projeto de criação que permitiria aos grupos ficar mais tempo na instituição. Pensamos então que o Espaço Cênico Ademar Guerra, em alguns meses do ano, poderia ser como um laboratório para os artistas pesquisarem, experimentarem, e não só um espaço que recebe uma produção pronta, em temporadas específicas. A ideia era trazer para o Centro Cultural essa característica de experimentação que sempre teve aqui. Zona de Risco nasceu primeiro como um projeto do Espaço Cênico Ademar Guerra, depois pensamos outras atividades que justificassem a criação de uma curadoria interdisciplinar. Comecei a fazer o Encontro de Improvisação e alguns outros projetos, também de caráter interdisciplinar, foram incorporados à curadoria interdisciplinar, que nasceu no primeiro semestre de 2010.

Espaço Cênico Ademar Guerra
Espaço Cênico Ademar Guerra - Foto: Sônia Parma

Quando exatamente surgiu o Zona de Risco e como o projeto tem se desenvolvido?

Zona de Risco surgiu em agosto de 2009, quando quatro grupos de dança, teatro, música e artes visuais foram convidados e ficaram durante mais ou menos três meses no CCSP. A escolha dos grupos para o projeto é feita pensando na contribuição que eles podem dar à discussão interdisciplinar. Um dos critérios é o grupo estar aberto ao diálogo interdisciplinar, mesmo que não trabalhe na fronteira de linguagens. Este ano acontece a segunda edição e a ideia é que haja uma vez por ano, cada vez com uma proposta diferente. Fronteiras foi o tema a que os quatro grupos da primeira edição chegaram depois de muita discussão.

Zona de Risco 2009
Zona de Risco 2009 - Foto: João Mussolin


Já o Coletivo Bruto foi convidado para o Zona de Risco 2010 com a proposta de criar um espetáculo sobre o Centro Cultural São Paulo a partir de experiências de deriva. Convidamos um só grupo para a edição deste ano, para trabalhar a partir de um conceito situacionista de meados do século 20, criado quando um grupo de arquitetos e urbanistas pensava estratégias de atuação no mundo e discutia os procedimentos de deriva na sociedade contemporânea, no sentido de trazer de volta o cotidiano e se apropriar do gosto pela vida e do espaço público. Desde outubro, o grupo tem feito várias intervenções no prédio, envolvendo, inclusive, os usuários do CCSP. Essas ações pelo espaço são registradas em vídeo e, a partir do material recolhido, o coletivo vai apresentar em novembro o resultado da residência, chamada pelos integrantes de Habitação Bruta.

Você considera que a questão da pesquisa entre linguagens é uma demanda dos próprios artistas? Você identifica isso como evidente na cena artística atual?

Eu acho que é evidente se olharmos um pouco para a produção que está sendo feita hoje em todas as artes, com cruzamentos entre vídeo, dança, teatro, corpo e tecnologia, mas nem sempre esse discurso fica muito explícito. Acho que os grupos vêm procurando o diálogo entre as linguagens, mas isso não é feito de forma muito consciente. Existem vários cruzamentos e pretendemos explorar mais isso. Essa é a tendência que está se consolidando. Há também grupos que são interdisciplinares, como o Coletivo Bruto, que convidamos para o Zona de Risco deste ano. Ele já tem uma proposta clara, é um coletivo que busca diversas poéticas e linguagens.

Encontro de Improvisação (EI!) antes era mais voltado para a área de dança. O que mudou no projeto para que ele tenha passado a ser classificado como programação interdisciplinar?

Mudou bastante coisa. Antes de colocarmos o EI! na curadoria interdisciplinar, já havíamos chamado a Cia. Inadequada, um grupo de teatro com forte ligação com dança, para participar, além de alguns grupos de música e instrumentistas. Já estávamos buscando a improvisação em outras áreas e pensando em colocar outras linguagens no encontro. Como as experiências estavam sendo enriquecedoras e vários coletivos também tinham propostas de improvisação não apenas em dança, resolvemos tornar o Encontro de Improvisação um projeto interdisciplinar. Agora, todo grupo que vem fazer o EI! traz uma proposta específica para o encontro, dizendo como vai trabalhar com improvisação. Assim como o Zona de Risco, o Encontro de Improvisação muda a cada ano. Este ano é EI! - Coletivos. Estamos trabalhando com grupos que já têm uma formação mais interdisciplinar e voltada ao cruzamento de linguagem. Chamamos, por exemplo, o Barbatuques, que faz percussão corporal, e o Coletivo Iaré, que propôs trabalhar plasticamente a expressividade do corpo.

Você disse que a partir do Zona de Risco outros eventos foram incorporados à curadoria interdisciplinar, além do Encontro de Improvisação. Quais são esses eventos?

A curadoria interdisciplinar está responsável pelo Paradas em Movimentoe também pela Anilla Cultural, que vai ser inaugurada no dia 6 de novembro e é um anel cultural que envolve cinco centros culturais (quatro na América Latina e um na Espanha). Será instalada a Internet 2, uma Internet de alta velocidade, e os cinco centros culturais vão estar conectados por essa rede. Estamos procurando formas de utilizar essa estrutura em propostas artísticas, co-criações também envolvendo improvisação, porque a ideia é que aconteçam em tempo real. Cada centro cultural pensou um projeto a partir de uma metáfora comum, aNova Ágora, que traz a ideia da praça pública na Grécia Antiga, e o que seria essa Nova Ágora virtual.

Como você avalia a resposta do público aos projetos que estão sendo chamados de interdisciplinares?

No ano passado, o Zona de Risco teve uma boa resposta do público. NoEncontro de Improvisação temos tentado fazer um bate-papo com o público no último dia de atuação do grupo. As pessoas têm acompanhado e aprovado a tentativa de ampliar os recursos de improvisação, não só com movimentos de corpo, mas também com falas, com artes plásticas. Acho que são interessantes esses projetos interdisciplinares que tentam buscar um ser humano integral e utilizar cada vez mais recursos para poder se expressar.

Como você definiria uma obra interdisciplinar?

Eu não vejo uma característica que defina uma obra interdisciplinar, mesmo porque eu não sei se é uma obra, se tem o caráter de obra. Temos, na verdade, uma proposta muito mais modesta, que é estimular a experimentação. Então, eu não acho que seria interessante definir o que é isso. Alguém que vem participar de alguma atividade ou assistir a algum evento interdisciplinar não pode esperar nada que esteja acostumado a ver. Isso pode tanto gerar um estímulo quanto um receio, um bloqueio. É sempre um desafio, porque existem muitas possibilidades de interdisciplinaridade nas artes. De início, pode causar um estranhamento, mas também abre outras possibilidades de apreensão, de percepção da realidade, de sensações. A ideia é sempre expandir tanto os sentidos quanto a capacidade de apreensão da realidade, porque vivemos uma época muito especializada em tudo. Perdemos a visão do todo, a visão integral do ser humano. As artes também estão muito compartimentadas e o público está muito segmentado, então a ideia também é deslocar um pouco esse circuito. Uma música, por exemplo, está ligada à letra, à manifestação de dança e à expressão tanto por texto quanto por som e corpo. Uma manifestação artística nasce de uma necessidade, de como percebemos o mundo e de como podemos expressar essa percepção de mundo. Quanto mais buscarmos integrar todos os processos expressivos que temos a possibilidade de desenvolver, mais ricos podemos nos tornar em cultura e criatividade. Quando você não mostra o esperado, a pessoa vai ter que reagir de outra forma e, quando ela se depara com uma coisa que não sabe o que é, ela participa mais, porque já não está condicionada a um comportamento esperado. 


Programação Completa :
http://www.centrocultural.sp.gov.br/programacao_diaria_interdisciplinar.asp

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Medéia ( 1987) de Lars Von Trier

       Lars Von Trier  é muito conhecido por seus polêmicos filmes "Anti - Cristo, Dogville, Manderlay, Os Idiotas  e Dançando no Escuro", obras que lhe deram projeção internacional, mas antes da realização desses filmes, ele produziu alguns curtas - metragens e  filmes para TV. Dentre essas produções para TV realizou uma adaptação da obra do escritor grego Euripides. Esse trabalho foi feito em 1987, período que diretor ainda não era um nome recorrente nos principais festivais de cinema, fato que ocorreu posteriormente. " Medéia" é uma adaptação que não mantém uma fidelidade ao texto original, mas também não o transgride  de modo radical. Esse filme nasceu de uma livre adaptação que outro cineasta tinha escrito para obra. Carl T. Dreyer, um dos maiores diretores e um dos primeiros da Dinamarca a ter sua  produção cinematográfica reconhecida pelo seu valor estético,  escreveu o roteiro para adaptação de Medéia  e não o  realizou, mas que bom que Lars Von Trier levou esse projeto de Dreyer à sério, transformando o  em uma grande obra. 
      "Medéia"  apresenta uma beleza visual incrível, vale a pena  conferir para que não achem  que  é apenas impressionismo, o filme  mostra um pouco das terríveis violências que o humano é acometido, mas de forma sutil, sem os exageros catárticos  que se tornaram imagens já clássicas nos  principais filmes de Lars Von Trier. A obra é um mergulho na dor e retaliações vividas pela alma feminina. A perspectiva dessa adaptação dá mais atenção para os tormentos que afligem Medéia, diferente da adaptação do Pasolini de 1970 que busca ser mais fiel a concepção grega e as trajetórias tanto de Medéia como de Jasão. 
   Nessa realização para a TV, Lars Von Trier abusa das experimentações visuais com  sobreposições e justaposições de imagens para simbolizar as tensões de Medéia, o uso de imagens desfocadas propõem um densidade ao filme que lançam o espectador a uma atmosfera atemporal. 
     Em suma,  para quem se interessar deixarei o Torrent com legendas em português pra baixar o filme. Essa semana  vi um documentário sobre o Charles  Bukowski e um dos seus comentários em resposta a um leitor sobre sua obra e sobre o amor ele dizia "O amor têm seu próprio inferno e agonia" para mim essa frase define "Medéia de Lars Von Trier ....

Fábio Jota ...

http://www.youtube.com/watch?v=ZKoa3OJsDNY
http://trixxx.com.br/?p=6345
http://www.megaupload.com/?d=KKNJS1ZT ( Só baixa por sistema de Torrents, as legendas em inglês e português estão incluídas, sugiro instalar o programa U Torrent ) 




quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Labuta


Jamac organiza Sarau Cinematográfico

Redação em 02/12/10
O Sarau Cinematográfico que acontece no sábado, dia 4, é resultado de um ano de trabalho através das oficinas de cinema digital, de animação e dos workshops temáticos com especialistas que compõem o projeto JAMAC Cinema Digital 2010, realizado em parceria com o Centro Cultural da Espanha (CCE_SP). O sarau é um momento de celebração e uma conquista para todos os alunos com a estreia dos curtas metragens desenvolvidos durante as aulas. No evento, haverá também música e poesia e a exibição da VideoDança “Labuta” do Núcleo Expressão.
Sobre o Jamac Cinema digital
O Projeto JAMAC Cinema Digital tem o objetivo de sensibilizar a comunidade do Jardim Miriam e comunidades próximas para a discussão de direitos humanos violados utilizando como recurso a linguagem do Cinema Digital. Para isso são realizadas Oficinas Culturais Básicas sobre cinema digital, onde os participantes compreendem e realizam roteiro, produção e edição de um curta-metragem a partir de tratamento visual de temas apresentados por eles, e Cineclube com Workshop aberto ao público, com discussões especificas para a linguagem e palestrantes convidados. Dessa forma, o projeto propõe novas formas de expressão, de participação social e de protagonismo.
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